Cabezadenego (BR)
O personagem Cabezadenego foi inicialmente criado para atuar nas manifestações de rua. Sua caracterização inclui uma tanga, pintura no rosto e uma camisa amarrada na cabeça. O objetivo inicial era destacar os estereótipos associados ao corpo do personagem, ou seja, os estereótipos da “bicha preta” e do homem negro, que, na visão macro da sociedade ocidental, estão relacionados ao medo e ao desejo. O jogo cênico de Cabezadenego explora constantemente essas sensações geradas pelos estereótipos. Cabezadenego é uma conexão entre mundos, semelhante a Exú. Ele aparece e desaparece, faz artimanhas inimagináveis, conecta, leva, traz, gira, brinca e se diverte. Não é nem bom nem mau, é meio humano, meio entidade, meio super-herói. A intenção inicial era colocar uma lupa sobre esses estereótipos, expondo a dualidade do medo e desejo que eles evocam. Ao brincar com essas sensações, o personagem desafia e subverte as expectativas sociais. Cabezadenego, como uma figura liminar, transcende categorizações simples, funcionando como um mediador entre o humano e o divino, entre o real e o imaginário. Sua existência questiona e redefine os limites da identidade e da representação, oferecendo uma nova perspectiva sobre a figura do homem negro e da bicha preta na sociedade contemporânea.