Tarta Relena nasceu em 2016 como um projeto de duas cantoras para explorar acappella as sonoridades de diferentes estilos de música vocal. Longe de querer para criar uma marca do tradicional e definir o mediterrâneo, Tarta Relena quer fazer um repertório que vai da música de tradição oral a canções de autor que, de uma forma ou de outra, estão relacionadas com a área geográfica do Mediterrâneo. Tarta Relena canta a partir das perspetivas a que chamamos de folclore é um repertório vivo e comovente. Portanto, esta realidade é moldável e pode ser reinterpretada com os instrumentos e sonoridades que agora temos ao nosso alcance. Uma ferramenta chave é a eletrónica com a qual ressignificam as melodias sem deixar de lado as suas origens. O estudo e o conhecimento do percurso e dos contextos que deram origem a estas músicas abrem-se as portas da experimentação para novos significados. Fiat Lux é o primeiro álbum completo e é uma exploração do conceito de ciclicidade por meio da memória, da nostalgia e da evocação de sentimentos. Os poemas de amor escritos por Safo de Lesbos ou canções sefarditas tradicionais lidam com os mesmos problemas emocionais que enfrentamos como indivíduos em 2021. Seja na Grécia arcaica, na época medieval ou em meio a uma pandemia global, o eu passa pelos mesmos processos de alegria e dor, fecha-os e recomeça, sem puder evitar o curso das coisas. Através das histórias de personagens poderosos e transcendentes no tempo, como a Maria Vingen, Hildegard de Bingen ou a tribo de mulheres Paixtu em No Afeganistão, a atemporalidade e a transcendência dessas vozes e seus discursos são explorados, revisitados e cantados na perspetiva de hoje.