
Podcasts as marketing tools
Podem os podcasts ser ferramentas de marketing para os artistas?
Fruto de uma proeminente tendência registada ao longo dos últimos anos, os podcasts tornaram-se importantes veículos para a criação de micro-comunidades de fãs, ligando os que ouvem e os que falam.
O debate, planeado para o MIL 2020, foi moderado pelo Josh e juntou Emily Gonneau, co-fundadora da Nüagency e La Nouvelle Onde, onde apresenta o podcast homónimo homónimo focado na indústria da música francesa, Rodrigo Nogueira, jornalista cultural e apresentador do podcast Até tenho amigos que são, e Xavier Filliol, COO da Radioline. Durante uma hora, os quatro intervenientes discutiram a crescente popularidade deste formato e como o mesmo pode ser um importante veículo para estabelecer comunidades de fãs.
PORQUÊ OS PODCASTS?
Como o Xavier diz, o podcast registou um início lento há uma década atrás e, de repente, explodiu para algo muito maior. Mas o que torna este formato tão atractivo? Enquanto ouvinte, Rodrigo Nogueira, cuja curiosidade com os podcasts surgiu após ouvir o WTF with Marc Maron, gosta especialmente da possibilidade de ter longas conversas, com altos e baixos. O Xavier reforça esta ideia, afirmando que a conversa é o principal motor de um podcast. A Emily destaca o foco no som e a acessibilidade: assim como enquanto se ouve música, é possível fazer várias coisas ao mesmo tempo.
ARTISTAS, EDITORAS E PODCASTS
Quando se trata de criar um podcast, um vasto leque de questões devem pesar na decisão de introduzir este conteúdo numa estratégia de comunicação global. Tanto o Xavier como a Emily notam que um podcast exige grande envolvimento, levando Emily a reforçar que a noção de escassez também é um medidor de sucesso: num podcast, os artistas devem distinguir-se para serem bem-sucedidos. Mas estarão os artistas e as editoras a investir neste formato com bons resultados? A percepção é a de que, pelo menos na Europa, não é um canal comum para os artistas, embora as editoras major tenham expressado grande interesse no formato. As excepções à regra referidas merecem ser destacadas: Emily menciona o podcast #YTALK, lançado recentemente pela artista francesa Yseult, onde, a partir da intimidade do seu quarto, fala sobre os seus problemas com o corpo, saúde mental e outros. Rodrigo refere o único caso que conhece em Portugal: Às Três Pancadas criado pelo MC Sam The Kid, Sir Scratch e João Moura com entrevistas a figuras de destaque do hip-hop nacional.
A ZONA CINZENTA DO LICENCIAMENTO
Como é o caso com muitas outras plataformas digitais, há uma grande lacuna no que diz respeito ao licenciamento dos podcasts. Até que ponto é isso um impedimento ao sucesso dos podcasts? A complexidade em torno deste tópico é tão confusa quanto parece, em parte porque os podcasts assumem vários formatos: alguns são apenas conversas, outros passam música de outros ou a da sua autoria. Há casos que incluem ainda actuações musicais. O Xavier Filliol deixa clara a necessidade de existirem vários tipos de licenciamento adequados a cada caso e não apenas uma franquia, como é o actual caso em França. Este é o principal ponto de discussão entre a sociedade de autores do país e a GESTE, organização de editore e criadores de conteúdos multimédia.
ONDE É QUE O PÚBLICO CONSOME PODCASTS?
Os participantes da conversa destacam a Apple Podcasts e o Spotify como os principais serviços utilizados para ouvir podcasts. Já o telemóvel e o computador são os dispositivos mais comuns, o que reforça o aspecto de mobilidade em torno deste tipo de conteúdo. A Emily nota ainda um facto interessante: com a pandemia, o consumo de podcasts desceu por oposição à rádio, especialmente os canais de informação. Mais tarde, esta tendência reverteu-se, o que significa que o consumo de podcast evoluiu da mesma forma que o da música neste período.
Podcast Listening Trends During the Pandemic / Source: Voxnest
O QUE DITA O SUCESSO DE UM PODCAST?
A questão para um milhão de dólares: o que determina o sucesso de um podcast? Por um lado, permite que o artista apresente uma extensão da persona que é dada a conhecer em palco, desta feita de uma forma que pode ser considerada mais “autêntica”, ou pelo menos não tão fabricada. Ao Rodrigo, agrada-lhe a ideia de um podcast permitir que as pessoas tenham conversas espontâneas, sem se encerrarem sobre o que está a ser promovido. O Xavier concorda: É algo que deve parecer muito natural
, ou então não vale a pena. E, mesmo sendo um bom meio de comunicação para criar interacção com os fãs, a Emily não deixa de salientar a importância de definir objectivos que se enquadrem numa estratégia de comunicação geral e analisar se este conteúdo traz algo de novo ou não. Aqui, não interessa que seja o único a fazê-lo, mas sim que tenha qualidade.
Com tudo isto em mente, só resta arriscar.
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